sexta-feira, 23 de janeiro de 2009


As costas ardiam, como ardem 40 e poucos graus de sol em Agosto. Nos pés ainda trazia areia de outra praia. Filas, carros e mais filas.
Descemos a Serra e ao longe, por entre as árvores já se avistava o mar. Jurámos a cada passo que o mergulho era obrigatório. O calor era sufocante, as pernas tornavam-se pesadas e a rampa deu-nos balanço até ao pequeno areal.
Depressa descobrimos as caras que nos sorriam e acenavam. A areia queimava os pés. As mãos dadas colavam. Sentámo-nos, falamos, sorrimos, entre golos de água esquentada pelo sol e protectores em spray. Nem o factor 40 me aliviou os ombros.
A sensação relaxante de enterrar as mãos na areia e ficar de barriga para baixo a enfeitar a pele. Conversas puxadas por um fio, banhos intermináveis, gelados e conversas. Sempre as conversas. As nossas, as deles, as de todos...
O sol foi-se pondo e não demos por isso. Mas os outros sim. Iam arrumando as coisas e aventuravam-se Serra acima. A nossa tarde de praia entrou p'la noite, até que resolvemos fazer o mesmo caminho que todos os outros e deixar o mar calmo e a areia brilhante no seu lugar. Não foi grande a desarrumação. Quem olhasse não dizia que lá tinhamos estado.

Há dias que ficam na memória.... Podem até ser dias banais. Tardes de Agosto na praia como tantas outras. Mas esta foi especial, porque sorrimos, porque nos sentimos bem, porque fomos nós e ninguém se opôs. Porque há companhias que não se esquecem, amigos que não se perdem, e dias em que é difícil viver sem o sol de Agosto.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

A viagem...


A M. não anda para trás. Não vira as costas. Não viaja de costas voltadas para o destino. Nem em comboios, nem no metro, nem em lado nenhum. Isto pode não significar nada, ou pode explicar tudo...

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Benjamin Button

"For what its worth, its never too late, to be whoever you want to be. Theres no time limit... start whenever you want... you can change or stay the same. There are no rules to this thing. We can make the best or the worst of it. I hope you make the best of it. I hope you see things that startle you. I hope you feel things that you never felt before. I hope you meet people with a different point of view. I hope you live a life that you're proud of and if you find that you're not, I hope you have the strength to start all over again"

domingo, 18 de janeiro de 2009

Trip Para Mulheres

A A. está com a TPM. E eu também. Existe uma solidariedade nestas coisas, e nestas coisas estamos sempre compassadas. E na maior parte das vezes só passadas!
A Trip Para Mulheres, Temperamento Pré-Menstrual, Tensão Pré-Menstrual ou apenas mau feitio do c*r*lh* é dos momentos biológicos mais complexos de uma gaja.
No espaço de uma hora existem picos de euforia e raiva. Somos as maiores e as piores. As mais bonitas e as mais horriveis. As mais gordas, sempre as mais gordas!
A A. quase chorou por causa de um filme, e eu quase choro por causa da minha vidinha que daqui a 30 segundos me fará rir à gargalhada. A TPM está entre a esquizofrenia e a bipolaridade.
Somos críticas e criticadas, gozamos e somos gozadas, e rimos à parva só porque sim. E tão bem que sabe. Mas sabe pouco, porque em breve vamos lembrar-nos de qualquer insignificância que vamos ampliar à dimensão de uma catástrofe mundial.
Porque ser mulher é assim. É ser confusa e clara, discreta e exuberante, complexa e tão simples... porque quem mexe com as hormonas mexe com tudo.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

A estagiária

"Então mas ainda ninguém foi lá abaixo?!" - perguntou o fotógrafo.
"Não!" - respondeu alguém - "O que é que se passou?"
A redacção parou.
Olhei pela janela encostada à minha secretária. Um carro da PSP estava estacionado à porta do prédio em frente ao jornal.

"Assaltaram a casa de um velhote agora mesmo."
"Eu vou lá abaixo." - respondeu a jornalista a quem estavam entregues os casos de polícia.
Eu levantei-me e segui-a, sem pedir autorização. Tipo sombra - A estagiária. Descemos as escadas em passo acelerado. Quando chegámos à entrada do prédio já estavam alguns vizinhos alarmados.
"Quem são vocês?" - perguntou um tipo que já tinha fama na redacção, por ser parvo.
"Somos jornalistas!"
"Jornalistas?! Opa ponham-se a andar!!! Mas o que é que vocês vêm aqui fazer? Não vão apanhar o gajo, ponham-se na rua!!!" - disse o atrasado mental em tom agressivo, e aqui percebi que nem sempre é fácil exercer a profissão.
Ignoramos e a jornalistas começou a recolher dados através dos vizinhos.
No cimo da escada, a porta do rés-de-chão esquerdo encontrava-se entreaberta. Momentos depois, saíram dessa porta dois PSP e 80 anos de um homem agredido. Um homem que poderia muito bem ser meu avô.
Segundo nos contou, quando chegou à sua rua viu um tipo encostado à porta. O ladrão meteu conversa com ele, disse que era amigo da filha e que tinha ido lá a casa para cobrar uma divida. O Sr. não o conheci-a. O Sr. caiu no erro de abrir a porta e entrar para o hall do prédio. O ladrão entrou. O Sr. caiu no erro de abrir a porta de casa, mas não a fechou a tempo. O ladrão entrou. Agrediu-o, atirou-o ao chão, procurou e remexeu toda a casa à procura de dinheiro. Acabou por encontrar 3000 euros metidos em envelopes. Tinha o dia ganho e saiu porta fora. O idoso combalido foi acudido por uma vizinha alguns minutos depois.

E tudo se passou ali... debaixo da minha janela, debaixo do nosso nariz, a escassos metros da redacção.
A impotência deu lugar à revolta. A imparcialidade deu lugar à tristeza. E a vontade teve quase, quase perto de uma lágrima e de um abraço. Mas A estagiária não podia...


Não sei se tenho estofo para enfrentar um Mundo onde a dignidade custa 3000 euros.
Provavelmente A estagiária não passará daí.


quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Contava-vos uma estória....


...já devem é saber muitas!

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

senil

Se a M. precisa de recorrer ao Priberam para escrever palavras corriqueiras (sim, utilizei para conferir corriqueiras também!) é porque algo está mal.
E se o media player canta apenas The Script - Breakeven, então é porque está mesmo tudo estragado!

Tenho cá para mim que o vocalista é quase tão bom como a música que faz, mas isto sou só eu claro!

acasos

O João era viciado em Counter-Strike. E no fundo foi o jogo que o matou. Na ambição de tornar o jogo real um amigo mostrou-lhe uma arma tão verdadeira como a sua morte.

O Carlos é daquelas pessoas inocentes com quem nos cruzamos apenas uma vez na vida. Asa, para os amigos, viu-se mudado pela morte do melhor amigo, do seu irmão como carinhosamente lhe chamava. Passou a utilizar expressões como "Gosto muito de ti", "Deus te acompanhe" e "Sê feliz" no final de todas as conversas, que pensavamos retomar no dia seguinte. Tem um coração do tamanho das recordações e da saudade. É um amigo a sério, daqueles a quem ninguém tem nada a apontar. Mas foi esse mesmo coração, grande e frágil, que o traíu no embate do acidente.
Hoje o Asa fazia 22 anos. Por tantas vezes me dizer que queria ir ter com o João, sei que está bem. Por muito que desenrole o fio da memória, não me lembro de o ver sem um sorriso na cara e é isso que o torna um amigo tão especial.
Parabéns Amigão!

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Tudo sobre coisa nenhuma

Hoje decidi que tinha coisas importantes a contar. Coisas tão importantes como coisas nenhumas. Como coisas que todas as pessoas contam. Hoje decidi que ia escrever. Porque sim! E quando assim é, não vale a pena contrariar.
O bom jornalista não quebra o código de honra, nem tão pouco o deontológico! A mim ninguém tira da ideia que este último foi inventado para mascarar a classe, qual seita que se preze. Mas reza a lenda que o bom jornalista não revela as fontes. Assim, daqui em diante cada um de vós será designado por uma letra, reconhecendo-se na própria estória.

Hoje vi o M. igual a si próprio e percebi que os anos não passam, a timidez deu lugar ao habitual desplante. Tentei animar a A. amiga não de sempre, mas espero que para muito tempo. Ri-me com a J. e as nossas conversas valem por muitas, com ela até os silêncios são cúmplices. Ao V. coube a troça de beber chá antes de ir para a cama e um vidro ainda partido. Desejei as melhoras ao A. E com o G. as longas conversas levam sempre a lado nenhum. Das poucas vezes que fala a sério, diz coisas que ficam. "Vê o blog como um diário" e assim o fiz. Disse sobre o H. que "É um amigo a sério o gajo. É daqueles que tira a camisola pra te dar" e eu fiquei a pensar se a atitude não estava implicita na própria palavra "amigo".

Foi um dia igual a tantos outros e no fundo tão diferente. Hoje decidi que daqui em diante assim será!
Porque o Hoje é como eu quiser...