segunda-feira, 12 de julho de 2010

Um dia vou guardar-te onde mereces estar. Bem no fundo da caixa daquela música que as lágrimas ainda não suportam ouvir.
Porque naquela noite, naquela rua, a vida acompanhou a descida da calçada.
O mundo congelou à minha volta e o brilho da lua encadeou o pensamento.
As notícias deixaram de ser boas e o amanhã deixou de ser perto.
Os sorrisos deixaram de ser abertos e o coração apertou-se contra o peito. Esmagado.
Não era para sempre, mas um dia, mais perto do que esperava que esse dia viesse...eu deixei de ser eu...feliz.
Os dias passaram a ser só mais uns dias, as horas foram-se arrastando com o peso da mágoa preso aos pés.
Naquela noite, tu correste rua abaixo, e eu fui ficando para trás...
O tempo parou. O mundo não se mexeu. E eu, sem dar conta, ali fiquei. E fui-me moendo, e desfazendo em pó. E fui-me misturando com a gente que passa e com a pedra da calçada. E hoje, não sou eu, sou só poeira.
Mas um dia, vais aprender por ti, que as palavras não devem voar em vão. Os sentimentos não devem ser mascarados. As saudades não devem ser reprimidas. O amor não deve ser triste. A raiva não deve ser constante. Um dia vais aprender por ti, que as dores agudas do peito são evitáveis.
E esse dia vai chegar...


Quando também tu fores nada.
E quando estas palavras forem memórias.