Sentou-se na mesma cadeira de sempre e fixou as luzes desfocadas com um sorriso triunfante. Esperou e observou. E parou naquele momento. Gravou-o na memória. Então, pestanejou acordando-se e apercebeu-se que tudo se repetia. Aquele Carrossel das Chávenas era sempre igual. Rodava entre altos e baixos. As pessoas entravam e saiam quando queriam, sem lhe dirigir o olhar. Sem dar satisfações ou pagarem por voltar atrás. E de vez em quando alguém achava-se dono daquela mesma cadeira e pegava-lhe a ferros no braço. Observava-os de fora, por entre os olhos lacrimejantes, com a ira de quem lhe tirou um pertence precioso.
E não pára. Gira e continua sempre igual. Com as mesmas dificuldades nos arranques, com as mesmas demoras nos finais. Com a mesma tristeza no olhar de abandono. Mas sobretudo com uma garra desmedida e uma vontade incontornável de voltar a conseguir o lugar na sua Chávena.
Começo a encarar a minha vida como um Carrossel.
Sem música pimba.
Sem luzinhas psicadélicas.
E por favor, sem pregões trolhas!
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