Era um estado de histeria. Daqueles que não deixa as crianças dormir durante a noite. Era esse tipo de histeria inocente que lhe pousava na almofada, porque tudo era perfeito. Tudo era como nos filmes. Tudo tinha um final feliz. Finalmente ela era feliz, como não se lembrava de nunca ter sido. A histeria deu lugar a um coração apertado e a longas esperas sentada no passeio. Olhava o alcatrão e esperava-o. Olhava em todas as direcções e esperava. Desesperava. Respirava fundo e a sombra aproximava-se tentado assustá-la. Sorria. Comprava-a. Levava-a. E ela deixava-se ir. Seguia-o. Adorava-o. Deu-lhe um lugar especial e dizia-lhe coisas, daquelas que provocam revoluções no estômago e dão pontapés no coração. E a história repetia-se.
Ela continuava a esperar mas ninguém aparecia. Ela continuava a acreditar quando já não havia nada a fazer. Ela continuava a ter esperança quando não havia respeito. E um dia acordou. Percebeu que a felicidade vem em pequenas quantidades, muito restritas, muito controladas. Que há sempre um pé que deve assentar atrás. Percebeu que não há mais lugares a histerias. Que histeria é sinal de mágoa, de dor, de lágrimas. Percebeu que não pode haver tanto apego e consideração. Que se deve dar menos e desconfiar ainda mais.
Um dia percebeu que os filmes são só na sua cabeça....
... e quando assim é, não há espaço para alugar a finais felizes.
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